Então a pergunta lógica a se
fazer é: Quais os fatores que contribuíram para essa redução de população em
Nova Cruz? Erro do IBGE? Falta de apoio da gestão? Falta de colaboração da
população? Ou é essa mesma a realidade do
município?
Como ex-supervisor de recenseamento
do IBGE consultei agentes que realizaram o Censo em 2022 e constatei que um
somatório de fatores contribuíram para o resultado negativo em Nova Cruz: a
negligência por parte da atual gestão no que se refere ao apoio ao trabalho de
colhimento de dados da sua própria população; ser uma cidade que tem
residências fronteiriças com outros municípios; a falta de colaboração também de
parte da população que preferiu não receber os agentes do IBGE em suas
residências; e ser um ano eleitoral.
Então vamos aos fatos
constatados.
Todo Censo tem uma data “D”
que nesse caso foi 23h e 59 min do dia 31 de julho de 2022 para basear o
colhimento dos dados. Ou seja, tudo que ocorreu até esta data entra no Censo.
Caso contrário só será recebido no censo posterior. Então se um cidadão está
morando em duas casas, até a data “D”, uma em Nova Cruz e outra no Loteamento
do “gringo” que está no limite com a Paraíba, por exemplo, o cidadão deverá ser
recenseado na que passa maior tempo. No entanto, pela falta de uma maior divulgação
em mídia por parte da gestão municipal de Nova Cruz, pessoas podem ter sido recenseadas em Logradouro ou outro município fronteiriço, causando perdas a nossa cidade.
E essa falta de divulgação
massiva por parte da gestão municipal de Nova Cruz sobre o trabalho do Censo:
nas rádios, nas redes sociais e no próprio Diário Oficial do Município, fragilizou o trabalho quando dificultou o conhecimento da população acerca da
pesquisa demográfica. Tanto que famílias podem não ter sido recenseadas por desconhecerem a importância do trabalho ou confundiram com pesquisas
eleitorais, pois as censitárias foram realizadas durante uma campanha eleitoral,
geral e acirrada.
É grave, se constatado que a
atual gestão tenha negligenciado o apoio institucional ao Censo. Com certeza o
prefeito deve ter sido procurado, neste sentido, pelo IBGE e pelos Supervisores
do Recenseamento em Nova Cruz. É uma obrigação da gestão, apoiar o Censo, sob
pena de responsabilizações futuras. Como ex-supervisor de Censo do IBGE e como
radialista, não consegui perceber uma divulgação satisfatória por parte da
gestão municipal sobre o Censo e esse fato me foi constatado também, por alguns
agentes de recenseamento atuais.
Contudo, depois do “leite
derramado”, como se diz no jargão popular, ou seja, depois que o trabalho de
coleta de dados em campo por parte dos recenseadores terminou, inclusive com
suas dispensas, a gestão municipal está conclamando a população a ligar para
IBGE, 137, para dar suas informações, com divulgações desesperadas nas redes
sociais e em carros de som nas ruas, dia e noite. Também está impondo aos
agentes de saúde a realizarem esta coleta de dados – que não é a função prioritária
do agente de saúde, para tentar reverter os números apresentados no Censo.
A atual e agonizante busca da gestão municipal pela parceria da população para que participe do Censo de forma atrasada, chancelam a meu ver a sua incompetência e total negligência a tão importante trabalho, que somado aos outros fatores citados, causaram infelizmente um resultado negativo, ou seja, a redução dos números da população, consecutivamente, a diminuição do coeficiente do FPM e a queda nos recursos municipais que, com certeza, impactará a vida dos nova-cruzenses mais carentes, que necessitam do apoio do poder público para sobreviverem. Este será um péssimo legado da atual gestão.